foto
josé, 2018
An seinem Nichts und seiner Nacht
sich weiden immerdar
Hölderlin, Gedichte und Hyperion, seite 139
Ser assim, uma janela que entra no cortinado, um cortinado que entra numa janela. Dialéctica breve e entontecedora de um vento parado em ruínas.
Mas mutatis mutandis, para que servem as janelas? Para defenestrar, obviamente. Retórica da realidade em estado de coma: agarremos então o corpo, incendiemos a palha, olhemos de frente a alucinante miragem dos espelhos e entremos a voar no precipício. O resto, são balelas de quem não tem rosto nem carácter. A verdade só tem sentido quando renegada. E a alguns cabe o papel ingrato de se renegarem a si próprios. Mas só conheço um caminho que leva directamente ao absoluto: o das veias! Escancaremos então as ditas com injecções intravenosas, intra venenosas. Digamos, como os estóicos, que as veias são a lição clara dos que partem adocicadamente no desfalecimento. Mas essa não é a minha lição: a minha é obscura, carnívora e devoradora. Para que a boca entre nos precipícios íntimos das palavras, para que a boca seja o transe de quem esquarteja com palavras o que pensa. Admirável mundo dos que não são abençoados...
José, 2018
music
Luigi Nono - Fragmente - Stille, an Diotima
Sem comentários:
Enviar um comentário