segunda-feira, 19 de novembro de 2018

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2017, josé

Pouco sei da arte marcial dos reflexos. Prefiro catacumbas, essa palavra composta de quem cata cumbas, ou nalgum linguajar( contracção de língua e manjar, como é sabido), quem cata tumbas. Peçam a um chinês para dizer catacumbas e perceberão a minha aflição de catacumbador-mor de palavras mortais e mortas.
Na minha infinita aflição de petiz com as palavras, na minha impoluta descida do rio da linguagem, sempre amei a sonoridade de cascata, casca e ata. Finalmente, amo as cascatas de reflexos de casas que, quais narcisos, se amam na sua imagem aquática. Talvez ondulem como reposteiro no entardecer dos seus desejos, talvez dancem a valsa cansada das suas janelas, por onde animais de rosto humano, espreitam de olhos possuídos pela estranha febre do que sentem ou...já não sentem.
Tudo isto para dizer que ainda oiço a tua voz em cascata, na cascata do meu coração.
s/d José

música
Pauline Oliveros - A Love Song
https://youtu.be/fZLJ7PKmpE0
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