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série tempos sombrios
2017, josé
A Marielle Franco
os tempos são isto:
de assassinatos
que cortam as goelas ao mundo
e dizem como navalhas
é aqui que morres
nos braços da podridão
na lixeira dos que matam
sem qualquer hesitação
estamos assim afogados
e cúmplices vivemos-
aonde cabe este mundo
senão no que consentimos
na noite violenta do que sabemos?
terão as palavras outra razão
será a consciência
o cadafalso do que vivemos?
outros virão
mais tarde dizer-
eram tempos de ignomínia
de pelotões de fuzilamento
de pensamentos em betão armado
eram tempos
de pessoas assassinadas
que vinham de favelas
e desciam ao mundo
de pés e sonhos descalços
abriam no tempo
rios de outros tempos
denunciavam sem temer
o que sabiam no seu corpo
eram filhos de uma verdade
que não está escrita em lado nenhum
que vem da vida
como a chuva dos mares
que traz em palavras salgadas
um desejo de salvar-
como tu
que desceste da favela à morte
em quatro balas
a vida calas
virão os discursos de circunstância
como este
as promessas infindas
de um novo mundo
a purga de abcessos
e outras palavras
que agora já não escutas-
no alto da favela deste mundo
vivem agora
os que já começam a esquecer-
não é essa a impunidade
dos que matam?
15 de Março de 2018, josé
música
O CANTO DOS ESCRAVOS - Clementina de Jesus, Doca, Geraldo Filme
https://youtu.be/gil3Mw32OnU
série tempos sombrios
2017, josé
A Marielle Franco
os tempos são isto:
de assassinatos
que cortam as goelas ao mundo
e dizem como navalhas
é aqui que morres
nos braços da podridão
na lixeira dos que matam
sem qualquer hesitação
estamos assim afogados
e cúmplices vivemos-
aonde cabe este mundo
senão no que consentimos
na noite violenta do que sabemos?
terão as palavras outra razão
será a consciência
o cadafalso do que vivemos?
outros virão
mais tarde dizer-
eram tempos de ignomínia
de pelotões de fuzilamento
de pensamentos em betão armado
eram tempos
de pessoas assassinadas
que vinham de favelas
e desciam ao mundo
de pés e sonhos descalços
abriam no tempo
rios de outros tempos
denunciavam sem temer
o que sabiam no seu corpo
eram filhos de uma verdade
que não está escrita em lado nenhum
que vem da vida
como a chuva dos mares
que traz em palavras salgadas
um desejo de salvar-
como tu
que desceste da favela à morte
em quatro balas
a vida calas
virão os discursos de circunstância
como este
as promessas infindas
de um novo mundo
a purga de abcessos
e outras palavras
que agora já não escutas-
no alto da favela deste mundo
vivem agora
os que já começam a esquecer-
não é essa a impunidade
dos que matam?
15 de Março de 2018, josé
música
O CANTO DOS ESCRAVOS - Clementina de Jesus, Doca, Geraldo Filme
https://youtu.be/gil3Mw32OnU
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