quarta-feira, 24 de outubro de 2018

foto
série auto-retrato
quase sem mim
2016

mal sei a invenção da porta
e o que nela me sai
ao encontro da rua-
subindo à noite espero alma
e não o cântico mandibulado dos carros
nem a abstracta loucura das paredes-

ao sonâmbulo também serve qualquer coisa
ainda que obedeça aos sinais subtis das plantas
e à razão violenta dos paralelopípedos:

durante a noite
vou mortalmente confuso
esperando o que não vive em mim
e a lívida luz dos rostos velozes

quantas vezes sufoco de inesperado
e festejo a candura
dos anúncios luminosos
brinquedos de quem inventa ruas
e nelas se perde

há uma distracção no mundo
que só eu conheço
no teu rosto cabisbaixo
e no estendal de sombras
dependuradas à porta do que amei
94/18, lx josé

música
Alban Berg - Violinkonzert „Dem Andenken eines Engels" Szeryng/BRSO, Kubelik (1971)
https://youtu.be/Sr1mrAbtOZQ
Foto

Sem comentários:

Enviar um comentário